terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Reflexões no espelho

Por onde anda a gente quando dorme
pra acordar com esta cara disforme
de quem fez o que não devia?

E este gosto na garganta
é o resto de que janta
de que secreta ambrosia
de que gim ou malvasia?

E se só estivemos no leito
por que acordar deste jeito
com este olhar de pouco assunto?

Pra onde vai meu ser noturno
pra me deixar assim soturno
- e por que não me leva junto?

Luis Fernando Veríssimo.

sábado, 31 de outubro de 2009

Ferida

Havia um garotinho que tinha mau gênio.
Seu pai lhe deu um saco cheio de pregos e lhe disse que cada vez que perdesse a paciência que batesse um prego na cerca dos fundos da casa.
No primeiro dia o garoto havia pregado 37 pregos na cerca. Porém, gradativamente o número foi decrescendo.
O garotinho descobriu que era mais fácil controlar seu gênio do que pregar pregos na cerca. Finalmente chegou o dia, no qual o garoto não perdeu mais o controle sobre o seu gênio.
Ele contou isto a seu pai, que lhe sugeriu que tirasse um prego da cerca por cada dia que ele fosse capaz de controlar seu gênio. Os dias foram passando até que finalmente o garoto pôde contar a seu pai que não haviam mais pregos a serem retirados.
O pai pegou o garoto pela mão e o levou até a cerca. Ele disse :
- Você fez bem garoto, mas dê uma olhada na cerca. A cerca nunca mais será a mesma.
Quando você diz coisas irado, elas deixam uma cicatriz como esta.
Você pode esfaquear um homem e retirar a faca em seguida, e não importando quantas vezes você diga que sente muito, a ferida continuará ali.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Violência

Vivemos tão preocupados com a violência nas cidades, roubos, assaltos, sequestros, etc etc etc. Esta violência, no entanto, não é tão comum quanto a violência verbal, a indiferença, a tortura psicológica, o desprezo. E para estes últimos tipos de violência tão comuns nas famílias, no trabalho, enfim, no nosso dia-a-dia,
não existe legislação eficaz. Cabe tão somente a cada um de nós a vontade de querer mudar e de não perpetuar este mal com a desculpa de que já fomos vítimas também.

domingo, 11 de outubro de 2009

Aquarela

Perto do dia da criança, eu me ponho lembrando de uma música linda da época do Balão Mágico. Acho ela um pouco triste também...Para mim, a aquarela não descolorirá!



Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...

Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...

Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...

Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)...

domingo, 27 de setembro de 2009

Por que o mal prevalece na Terra?

Porque os bons se omitem.

médica intensivista

Estava eu estes dias assistindo a uma entrevista na TV falando sobre a rotina de médicos intensivistas, especializados em pacientes de UTI. Me chamou a atenção a calma e a voz baixa e tranquila com que a médica entrevistada respondia às perguntas. A médica terminou a entrevista falando que a única postura possível num ambiente de intenso stress, como uma UTI, é justamente a de manter a calma e a serenidade. Sem estas qualidades, ela não conseguiria pensar acertadamente sobre o destino daquelas vidas, todas dependentes de decisões tomadas por ela.

Todo mundo fala que precisamos ser mais calmos diante da loucura do cotidiano, mas a palavra é fraca. O exemplo, este sim, é que nos convence completamente. E esta médica me convenceu!

Elephant gun - Beirut

A letra desta música não é lá grande coisa... Mas a sonoridade dela eu achei incrível. Dá uma vontade de sair dançando, flutuando...E o clipe, ah, as cenas do cara tocando trompete na beira do mar intercaladas com as cenas das fitas azuis, fantásticas! Fazia tempo que uma música não me chamava tanto a atenção.

sábado, 29 de agosto de 2009

popularidade

Conversando com um amigo dia desses sobre a preocupação que muitas vezes temos em sermos populares e queridos por todos, pensei em Jesus Cristo. Se Ele, que simplesmente pregava o amor e a paz entre as pessoas, mesmo assim foi crucificado pelos homens, então por que nós, simples mortais temos às vezes a pretensão de agradar todo mundo???

Uma frase para ser sempre lembrada:

"Só são amados por todos aqueles que não tem nada a oferecer a humanidade."

Filtro solar

Bom, já que o verão está chegando mais uma vez, não custa falar um pouco sobre o filtro solar (de Mary Schmich). Aqui estão os trechos que mais gosto...

"Não se preocupe com o futuro. Ou então preocupe-se se quiser, mas saiba que pré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra."

"As encrencas de verdade de sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada, e te pegam no ponto fraco às quatro da tarde de uma terça-feira sem graça."

"Todo dia enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo mesmo."

"Não seja leviano com o coração dos outros. Não ature gente de coração leviano."

"Não perca tempo com inveja. Às vezes se está por cima, às vezes por baixo. A peleja é longa e, no fim, é só você contra você mesmo."

"Não esqueça os elogios que receber. Esqueça as ofensas. Se conseguir isto, me ensine."

domingo, 23 de agosto de 2009

Ele não está tão a fim de você

Pelo nome do filme já dá pra se ter uma idéia de que o mesmo é bem realista... E na vida real toda regra tem exceção. A questão é: para quem você será a exceção? ;-)

domingo, 16 de agosto de 2009

P.S. eu te amo

Gosto de filmes que tenham alguma chance de acontecer na vida real. "P.S. eu te amo" é um exemplo deste tipo de filme. Outro ponto interessante: ele não termina com um "e foram felizes para sempre...".

Uma cena muito boa do filme: as três amigas sem noção nenhuma de como pescar um peixe...hehehe

Uma frase bonita: "Olhe para si mesma com os meus olhos" (frase de uma das cartas do marido, para momentos em que a esposa estivesse com a auto-estima em baixa).

domingo, 28 de junho de 2009

Samba bom

Dica para melhorar o astral:

ir a um show de samba do Sururu!!! (Sururu na roda)

Sou gamado por mim

Ah... eu gosto muito de mim
Ah... eu sou gamado por mim

Tem vez que me pego
Me abraço, me beijo
Me levo pro um canto
Só pra conversar
E se estou triste
Fioco preocupado
Faço tudo só pra não me ver chorar

Se atravesso a rua
Eu falo comigo
Cuidado com o carro pra não te pegar
Me dou a comida na hora certinha
Faço cooper pra não engordar

Ah...eu gosto muito de mim
Ah...sou gamado por mim

Me levo ao dentista,
Ao teatro, ao cinema
Me levo pro samba e pro futebol
Em dia de sol
Eu me levo pra praia
Um rabo-de-saia e meu anzol

Ah...eu gosto muito de mim
Ah...sou gamado por mim

E quando chega fevereiro
Eu me levo pro carnaval
Balanço o meu corpo inteiro
Numa alegria geral

terça-feira, 5 de maio de 2009

Internet, o bem e o mal - por Lya Luft

Gostei!

http://veja.abril.com.br/220409/p_026.shtml

domingo, 3 de maio de 2009

entrevista com Suzie Orbach

Dia desses, entre uma tarefa doméstica e outra, comecei a prestar atenção numa entrevista na Globo News com a psicanalista britânica Suzie Orbach sobre seu livro "Bodies". Entre outras coisas ela falou sobre:
- o fato de um probleminha pequeno no corpo desencadear um trauma mental muito grande;
- o fato de pessoas gordas concluirem que se o seu corpo fosse mais magro e bonito todos os demais problemas das suas vidas (incluindo aqueles problemas nada relacionados com o corpo) seriam resolvidos ou melhor, nem existiriam.

Ela falou também sobre um paciente que não se identificava com o corpo que tinha, não gostava mesmo do seu corpo, e por isto queria amputar as duas pernas.

Em resumo, a autora discutiu a tão atual "cultura do corpo", na qual em nome da beleza se inflam seios e bundas, próteses são colocadas nas pernas de japonesas para que fiquem mais altas (e assim, mais parecidas com as ocidentais), fotos de modelos são corrigidas umas 100 vezes antes de serem publicadas em revistas, etc, etc, etc...

Mas há um lado bom nesta história: o fato de se estar descontente com o próprio corpo ou seja, o fato de não se ter aquele corpo saradão, no fundo, vira dinheiro nas mãos das fábricas de cosméticos, das revistas, das clínicas de cirurgia plástica, de spas e tratamentos revolucionários para a perda de peso, enfim...Deprimente....

em campos de concentração

Nós, que vivemos em campos de concentração, podemos lembrar dos homens que caminhavam entre os alojamentos confortando os demais, dando seu último pedaço de pão, desprendidamente. Podiam ser poucos, mas nos proporcionavam o suficiente para provar que tudo pode ser tirado de um homem, à exceção de uma coisa: a última das liberdades humanas -- a de escolher que postura adotar, diante de qualquer circunstância.

Victor Frankl

do filme Gladiador

If you find yourself alone, riding in green fields with the sun on your face, you will not be in trouble: you are in the Elysium and you are already dead! Fellows, what we do in life echoes in eternity.

sábado, 2 de maio de 2009

do necessário ao impensado

'Comece por fazer o que é necessário, depois o que é possível e de repente estará a fazer o impossível...'

mensagem de Chico Xavier

Nasceste no lar que precisavas,
Vestiste o corpo físico que merecias,
Moras onde melhor Deus te proporcionou,
De acordo com teu adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades, nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização.
Teus parentes, amigos são as almas que atraíste, com tua própria afinidade.
Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência.
Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes...
São as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivência.
Não reclames nem te faças de vítima.
A mudança está em tuas mãos.
Reprograma tua meta,
Busca o bem e viverás melhor.
Embora ninguém possa voltar e fazer um novo começo,qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.

para começar meu blog...


Vaia em Julinho

Ruy Castro - Folha de S.Paulo, 18/07/2007

Rio de Janeiro - Em 1959, o Brasil ia enfrentar a Inglaterra no Maracanã. Seria o primeiro jogo da seleção em casa desde a Copa da Suécia no ano anterior e, não por acaso, no seu palco favorito. Era o Brasil de Pelé e Garrincha. Mas, se Pelé era indiscutível, a imprensa passara a semana alertando para a possibilidade de Garrincha ser barrado. Motivos não faltavam: estava gordo, lento, dispersivo e, todos sabiam, exaurira-se nos braços da vedete Angelita Martinez, o avião dos aviões. Mesmo assim, ninguém acreditava que o deixassem de fora. Na hora do jogo, quando o locutor do Maracanã anunciou Julinho na ponta-direita, os 127 mil presentes, apaixonados por Garrincha, mandaram a maior vaia da história do estádio. Julinho também era um grande jogador. Só não fora à Suécia com a seleção porque estava na Itália e, naquele tempo, os "estrangeiros" não tinham vez. Era um homem sensível, apaixonado pelo Brasil. Acabara de ser repatriado pelo Palmeiras e fora convocado para ser reserva de Garrincha. De repente, via-se titular e ouvia a voz do Maracanã - a voz do Brasil.

Subiu chorando os degraus de acesso ao gramado e, ainda chorando, cantou o hino. A vaia não parava. Mas o jogo começou e, ali, Julinho convenceu-se de que precisava ser Julinho, não um menino amuado. Mal foi dada a saída, descadeirou um inglês com um drible. O estádio silenciou. Aos dois minutos, fez o primeiro gol. O Maracanã quase desabou em aplausos. E assim foi pelo resto do jogo: a cada grande jogada, ou se apenas tocava na bola, o Maracanã delirava. No segundo tempo, ainda cruzou para Henrique, do Flamengo, fechar em 2 x 0. Naquele dia, Julinho foi grande na vaia, e o Maracanã, no aplauso. Os dois saíram maiores do episódio. Mas há de ser um craque para dobrar um estádio.